Antes de tudo me apaixonei pela biblioteca do teu quarto que só tem uma cama estreita e essa pilha mal cuidada. E vi que você era um cara desses que valem a aposta e o pulo, tua simplicidade uma máscara pra essas coisas todas, um jeito de impressionar garotas pouco impressionáveis. Me perguntou o que eu mais queria conhecer no mundo e nem julgou nem nada que fosse algo do mais rico e bonito da Europa. E disse que minha beleza era simples e já cansou das coisas complexas. Disse que eu devia gostar das belezas também simples e não de ouro diamantes dinheiro ou caras esnobes. E uma infinidade de coisas que não cabem na memória mas merecem meu reconhecimento. Foi assim que você ganhou minha confiança nos primeiros trinta minutos de conversa e eu nem queria mais conversar. Você mantendo o ar sério e compenetrado nas palavras todas certas e eu querendo logo o próximo estágio. E contando como enjoa em viagem e teus sonhos com águas turvas e teus livros te chamando na estante. Daí eu te falei que tava com medo do que ia ser no próximo ano e que as coisas eram rápidas de mais desejando tua rapidez. E minutos depois só te via tagarelando algo sobre romances serem semelhantes e brigas valerem uma história. Me perguntou o que ia fazer da vida e eu escondendo em um não sei que queria escrever. E sabendo que as histórias que valem mesmo são as reais. Eu não devolvi a pergunta e dessa vez éramos silêncio porque alguma coisa tinha dado errado e houve um rompimento em algum lugar da história sem que nada ainda houvesse se encaixado no devido lugar. Agora queria ir pra casa e abrir uma página do Word e escrever que a minha admiração é o maior afrodisíaco. Mas também precisa de imaginação. E da ponta da cama minúscula você minúsculo se perguntando se eu podia ser assim tão vazia. E eu me perguntando em algum lugar por dentro porque é que não conseguia dizer nada do que realmente importa. E depois eu destrancando e dizendo ser você o cara mais legal por quem eu nunca me apaixonei porque diz tudo tão por dentro que não vale a pena pensar. Posso jurar ter ouvido teu pensamento perguntando de onde tinha saído aquela louca e o motivo de tanto alarde. E você certamente ouviu meus passos na escada e viu minhas complicações se dissolvendo todas pela rua sendo arremessadas na calçada e atropeladas por carros rápidos de mais. Talvez um dia você leia nossa história que não existiu e foi quase briga, bem do jeito que você gosta.
05/12/2011
Nossa história inexistente
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Às vezes parece que tu escreve coisas que eu imagino e não consigo passar para o papel. Esse conto é um exemplo vivo do que mencionei. Parece uma descrição do meu quarto com meus livros.
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