27/06/2010
saudade das certezas
Sinto saudade de quando eu era só uma bolinha quente na barriga da minha mãe. E de quanto eu tinha oito anos e tomava coca naquele copo da Barbie. E do café com bolo da minha avó, que hoje ela não prepara graças ao reumatismo. E das tardes brincando em meio a horta de morangos, e todos os chingamentos quando desastradamente se acertava um deles.
E agora o que foi feito de mim? No que me tornei? Alguém cheio de egoísmos, temores, orgulhos. Eu preferia todos aqueles sorrisos sinceros, e as lágrimas que nunca saiam, porque não havia necessidade, não havia tristeza.
Nunca fora mimada, ao mesmo tempo de que nunca precisei. Eu não precisava de nada, e hoje tudo me parece tão pouco, como um punhado de grama em um campo tão extenso. Eu tinha tudo, minha casa da barbie e meu jogo de botão, que era sagrado à todo sábado. Será que você sabe? Eu prometeria, se pudesse, mas não posso. Não é possível suportar essa saudade, uma saudade enorme, de tudo aquilo que não conheço, de tudo aquilo que não vivi.
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