29/06/2010
barco
Toda vez que eu jogava aqueles barcos feitos de forma desajeitada no mar turbulento, eu sabia que eles não voltariam. E ficava feliz por darem a eles um destino melhor, do que permanecer comigo e com a liberdade que nunca poderia dá-los. Eu sabia que não poderia ir junto deles, e sabia que eles viriam coisas muito melhores, mesmo estando longe de mim. Eu me lembro das pessoas rindo de mim, mas não me importava. Era como quando eu corria pelos campos do meu avô, que hoje nem o pertencem mais. E hoje, nem eu mesma pertenço a mim, por mais contraditório que isso pareça ser, já que eu nunca fora como sou hoje, já que nunca havia mudado dessa forma.
Eu me lembro de quando eles nadavam em círculos pelas ondas, com movimentos sinuosos, que exigiam total concentração para que eu não perdesse-os de vista, até que eles afundavam e não eram mais vistos. Eu gostava de acreditar que estavam em um lugar bem longe, onde não houvessem banhistas defecando e nem pessoas gritando. Um lugar azul, ao qual eu gostaria de pertencer.
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