10/08/2010

anormal


Por vezes esconde embaixo de um tapete imaginário os rancores e desafetos e exibe um sorriso escancarado, porém falso. E, por vezes permite nas noites de insônia, nas tardes sozinha, nas filas dos bancos ou andando pela rua, que esse tapete desapareça, deixando expostas todas as marcas dos tombos e arranhões que já levara, coisas que demoram um certo tempo até se emaranharem em meio aos outros papéis amarelados das lembranças e sumirem definitivamente. Reserva também à tais situações que se perceba seu gosto por tudo aquilo que não é normal, suas histórias, o que é mau visto e que ela, da mesma forma insistente, opta por fazer e as escuras olheiras sob seus olhos que se originavam nas outras noites de insônia que passa lendo.
Muitas vezes, o que fazia cessar seus anseios, nem que por breves instantes, era escrever o que a preocupava nem que fosse somente pra guardar para si, mesmo que nunca mais voltasse a ler tais papéis.
Talvez não tivesse nem ao menos uma vocação, já que nem sequer podia se adaptar ao que não via como certo, tendo sempre um desejo de melhorar as coisas, no seu ponto de vista. Não poderia ser moldável, adaptável, nem friamente calculista. Poderiam pedir a ela para que fizesse qualquer coisa, principalmente pelas amizades, mas menos deixar de ser quem era.
FIM

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