
Põe mais alegria no texto, Dona. Tira essa angustia que ele causa no fim, escreve um desses finais felizes. Tu até escreves bem, Dona, usa as palavras de um jeito que me incentiva a chegar até o fim quando eu simplesmente despenco, lendo essas tuas tragédias. Me apresenta uma personagem feliz pelo menos, me deixa conhecer uma menina dessas iguais a ti que não acabem sozinhas e desamparadas, Dona. Me aconselha Dona, como é que eu faço pra mudar um dos teus fins? Como é que eu faço pra entrar num desses teus contos e ser o sal dessa tua vida morna? Me fala, Dona, ou me explica com quem eu falo pra conseguir um posto. Me arruma um lugarzinho minúsculo na tua trama, que eu viro tua personagem principal, Dona, que eu viro a razão dos teus sorrisos. Ri pra mim, que eu te conto uma infinidade de piadas. Só não faz graça de mim, Dona, minha intenção é dessas de felicidade, não igual teus escritos cheios de pregos e felpas. Abre pra mim um espaçinho, uma linha, deixa um travessão sozinho numa página em branco do teu livro pra que eu possa falar umas coisinhas sem nexo igual teus pensamentos filosóficos. Vai, Dona, me tira do fundo do teu baú e me inventa de novo antes que eu me perca e vire só mais um dos teus rascunhos inacabados.