Essa é minha vontade: te ligar todas as noites, o travesseiro empapado,
o suor e as lágrimas mistos em branquíssimos lençóis, e ouvir a mesma caixa
postal na qual um recado qualquer poderia ser deixado e jamais respondido. Só
pra assim dar um jeito de não desistir de ti, numa caixa qualquer, uma caixa
escura, minúscula, triste, a qual felizmente você não pertence. Desculpe, estou
me dispersando, mas nada além dessa ligação insistente e muda de
não-desistência e chorosa de todas as noites faz sentido, tua morte não faz
sentido, minha dor não faz sentido, tua falta é um buraco escavado na minha
face cada dia mais magra, face essa sem sentido que carrega em seus vincos o
dissabor da espera. Por quem sabe que não vem, não atende, não responde, não
liga. E mais uma vez minha tristeza mora nas concessivas e malditas palavras:
as tuas que não vem, as minhas que desgastam-se por papéis, entre cadernos,
copos d'água e remédios pra dormir. Perdidas, nesse processo entre meu peito
minha mente minhas folhas, estas saem emocionadas, cortantes, e ainda assim
palavras: filtradas. E no fundo tem essa vontade, a de te ligar e ouvir do
outro lado da linha você dizer assim fica calma menina e sonha, sonha que o
medo passa, sonha e esconde a máscara, só dessa vez. Meu choro é por ti, por
mim, pelo mundo latente atrás das janelas que é vivo e real de mais, por tudo
isso que não toco e não cheiro e escorre límpido em minhas lágrimas. Choro a
morte e a loucura, e nada disso me pertence. Então te pergunto, em meu sonho,
entre soluços entrecortados, o que é que eu faço pra seguir acreditando? Ao que
você responde, com a serenidade de sempre: viva.
Palavras que refletem um desespero intenso de uma alma inquieta que buscam por alguém. Esse alguém, parece ser o oposto do turbilhão de emoções que é a pessoa do texto.
ResponderExcluirGostei. Gosto desse tipo de literatura.