13/04/2012

Abandono em cada canto um pedaço meu que não foi verdade. Têm monstros que moram em mim que nem ao menos conheço, e anjos meus que se escondem pelas carnes. Todos eles têm medo dos meus olhos atentos, e tenho eu ora medo de descobri-los, ora vontade de descobrir-me. Se nem bem eu sei o que me cerca e me atormenta, tampouco o que me habita, como ouso pedir que me entendam? Por que insisto em querer que me leiam? Por que não calo esses gritos incompreensíveis que abandonam minha boca de encontro ao eterno buraco do ininteligível?
Procuro nos meus guardados pensamentos que consolem e tudo se confunde cada vez mais. Escrevo por mim, guria que no espelho me parece deslocada de uma realidade presente, pelos meus tormentos, pra te esquecer. Te eternizar é mero acaso.
Escrevo pra fugir do tema, pra não ter foco, pra ter a cara que quiser e não essa massa pálida de olhos grandes e fundos sem saber por quê. Escrevo pra me guardar um pouquinho a cada dia antes de submergir no mar do tempo. Quero deixar-me por aí mesmo sem importância, mesmo sem caber no mundo de ninguém.

2 comentários:

  1. oi Júlia

    Em escrever o caminho.
    difícil esse texto, todos que exalam sinceridade são.

    abraço!

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  2. Júlia,

    Eu te amo demais.

    Não cale esses gritos incompreensíveis.
    Não me deixe ficar gritando sozinho.
    Na tarefa dolorosa de sentir o que eu sinto, só tenho você como companhia.
    Você e alguns mortos que também escreveram.
    De resto, ninguém parece se interessar.

    Estou te procurando feito louco no Facebook.
    Como não te encontro, me encontre:

    http://www.facebook.com/adhcandido

    Beijaço.

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