20/09/2011

Certa noite


Ela não reclamou da vida
Como era sempre de se fazer
Ele não exagerou na bebida
Nem se exaltou como era de se prever

Naquela noite de poucos encantos
Com bêbados caídos pelos cantos
Mais uma reunião de desinteressantes
Suados, altivos e dançantes

Só tão diferentes seria aos dois
O que normalmente era o depois
Corpos unidos pra prevenir solidão
Vermelhos e sôfregos no apelo de irmãos

E já tão separados da multidão
Os únicos que tocavam as mãos
Com a cordialidade que só o desejo trás
De quem doa querendo sempre mais

Pra trás deixavam os loucos
Que na solidão compartilhada veêm liberdade
E na manhã seguinte com gritos roucos
Vão-se embora sem lembrar a identidade

No silêncio entre encontrá-lo ou perder-se
Ela riu como nunca ria
E ele sem poder deter-se
Abraçou-a na noite fria.

2 comentários:

  1. E rimas muito bem!
    que beleza de poema, fechado com uma chave interessante.

    "E já tão separados da multidão
    Os únicos que tocavam as mãos
    Com a cordialidade que só o desejo trás
    De quem doa querendo sempre mais"

    legal isso!

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  2. As rimas se resumem o que o poema que passar,

    parabens mesmo pela escrita...

    abraços

    Philip Rangel- Entrando Numa Fria

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