16/07/2011

Eternidade fúnebre


Eu gosto da sua versão inteligente que cogita tudo como o fim do mundo, e da outra, jogado no sofá com preguiça da vida. Gosto da vida contigo no meu sofá. Gosto de ti na minha vida. Não é tudo a mesma coisa? Ar entrando e saindo dos pulmões, o pára-quedas nas costas e aquela translucidez em forma de alegria que me faz esquecer que não existe cordinha. Não existe manual. Ele é só a falsa segurança do “eu não vou morrer nunca”, porque eu vivo cada dia como se você fosse infinito. Como se eu fosse imortal. Daí quando você vai embora eu me dispo das inutilidades alegres, do pára-quedas me pesando os ombros. Imagino a cordinha vindo de uma nuvem e não do meu equipamento recém jogado no mar. Mergulho, afogo, sufoco. Deixo lá no fundo minhas contas velhas, minhas pulseirinhas, meus quilos de esmalte fosco. Ficam jogados na areia da praia meus percalços com a minha imaginação hiperativa. Encharcados estão meus lencinhos de papel, minhas mãos de velho, meu sofá, tu e essas outras mil coisas que me pertenciam e estão na costa esperando por resgate – assim como eu.

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