27/01/2011

sobre saber ou não


Não digo que a gente não goste de verdade das pessoas. A gente gosta, a gente passa horas pensando, escreve textos enormes e acredita que é isso o pico mais alto do mundo. “Amor”. As pessoas acham que essa palavra move montanhas, atravessa mares, faz gente no mundo inteiro viver mais feliz, por acreditar que existe algo maravilhoso assim que deixa todo mundo bobo e com vontade de ser você só para experimentar essa sensação: ter o coração batendo mais forte, sentir sua mente ficando vazia e você explodindo essa palavra para todo lado. Elas dizem que isso vai alcançar todo mundo, nem adianta se precaverem, que não existe remédio, contra-indicação, doses certas e muito menos qualquer sanidade quando acontecer. E se o que a gente gostar mesmo for de viver o amor idealizado? Aquele tipo de amor que vemos nos filmes, admiramos nos livros e que nos encanta nas músicas, que nos faz pensar em como tudo deve ficar mais fácil se acrescentando essas quatro letras a nossa vida, como ele é o veneno e o antídoto, nosso problema e ao mesmo tempo nossa solução. E se a gente nem ao menos vive, se a gente enxerga tudo com mil coraçõezinhos pra se sentir menos solitário, se a gente tem uma tendência pra dramatizar a nossa vida e transformá-la em mais um desses filmes fajutos com heróis e mocinhas? E se a gente for imaturo ou infantil de mais pra viver no mundo com as pessoas normais e querer enxergar perfeição em quem é humano, e covardes de mais pra admitir essa perspectiva que de tão real consegue ser asfixiante? E se a gente tiver mesmo for medo desse discurso todo, desse nosso juramento de arriscar tudo por pouco mais que nada e ainda correr o risco de sair ferido de uma guerra para qual você vai lutar sem armas? E se a gente acabar não arriscando merda nenhuma pelo simples fato de amar uma fantasia, de desejar uma mentira constante, de construir um castelo de cartas e empregar como guardas as nossas ilusões? E se o amor de verdade for o contrário do que vocês dizem, e tiver como base de sustentação as limitações e defeitos de cada um?
É difícil achar respostas para as nossas perguntas, mais difícil ainda é abrir mão das dúvidas, ponderações e receios que vamos acumulando ao longo do tempo, mas no mínimo chegamos a alguma conclusão: o amor não move o mundo. Ele move as pessoas, ele as motiva para irem de encontro ao que realmente as faz feliz. Se isso for outra pessoa? Se isso for um novo emprego? Se isso for uma viagem, um lugar novo, uma nova sensação? A verdade, e o que descobrimos por ela, é que enquanto fazemos tanto pelos outros, deveríamos fazer mais por nós mesmos, e parar com essa mania de se descobrir imperfeito e continuar cobrando do mundo uma pessoa idealizada.

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