20/09/2010

O porto


E mais uma vez a gente passa por esse mesmo porto, a gente escuta as peculiares histórias de quem teve uma vida inteira pra aprender a ser feliz, e mesmo assim ainda escorrega em lágrimas toda vez que vê-se perdendo alguém ou relembra alguma derrota. E mais uma vez eu vejo nos teus olhos aquela velha tristeza de quem já é velho de mais praqueles incômodos e de quem pede socorro pra não enlouquecer dizendo as mesmas frases de quem não suporta mais sofrer da falta.
Por outro dia nós passamos e contentes exibimos sorrisos de quem queria poder sorrir mais, e de quem espera que o futuro reserve quaisquer surpresas que tragam mais uma luz de oportunidade, de quem não acredita na existência de um único túnel pela vida inteira. E em meio aos encontros e desencontros que nós temos passado, outrora tristes e agora alegres, nós observamos o mesmo rio que cruzava pelas tuas margens e que recebeu tuas lágrimas vistosas.
Era só mais um conto que tu escrevera procurando uma linha de escape pra qualquer dor, que já não tinha uma definição certa porque já fora muito tempo embora nesse nosso esgotamento. Porque não havia mais chance de tu me olhares e dizer “Tudo bem, isso já vai passar” porque em tantas outras vezes estávamos nós no mesmo porto esperando o mesmo barco que nos levasse embora com essa sede insaciável por cura dos nossos antigos problemas, e só o que temos visto é esse mar grande de mais pras nossas fracas braçadas. Só o que temos engolido é saliva que vem secando, e na sede de qualquer resolução temos perdido as gotas feitas de esperança que formaram esse mar enorme, que insiste em nos afogar nas nossas velhas tristezas.

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