27/07/2010

Covardemente falando


A gente aprende a ganhar umas pessoas
E perder outras
Nos ensinam que chorar é feio
E nós aprendemos a ser orgulhosos
Tem sido pouco, pequeno e inconstante
Uma morte à longo prazo
Esperar que nossos desejos se cumpram
Mesmo que todos nos insistam em negatividade
Nós mudamos tanto sem consultar uns aos outros
Nós nem ao menos somos o que desejávamos
Pare de apontar a arma contra sua cabeça
E dizer que sabe o que está fazendo
Você sabe onde encontrar apoio,
Sabe que eu posso ser seu ombro amigo
Apenas desista de possuir a esse fim
Existem grades invisíveis nos cercando
Ninguém pode ser feliz sem essa liberdade
Que perdemos encontrando nossas convicções
É mentira quando dizemos que os ideais nos libertam
Só agora você pode ver o que essa inteligência
E as suas palavras mais duras
Puderam fazer com você
Ah, por favor, para de crer em lutas
São só guerras sem propósito
Desista de ser só você, contra o mundo
O mundo está errado, mas é uma pena
Só nós sabemos.

26/07/2010

repleto


O tempo que você passava deitado
vendo as estrelas que brilham no seu teto no escuro
E as súplicas transparentes em seus olhos para que não te deixassem sozinho
Aquela canção que você tocava e hoje nem ao menos tenta
Como você pode deixar que tudo isso acabasse assim?

Você pode mudar de vida, e crescer mais do que os seus amigos
Você pode se sentir adulto e mudar todas as companhias
Mas e você está realmente feliz?
Não eram melhores os tempos de brincadeira e sem responsabilidades?

O que volta só vem na sua memória,
Nada mais toca seu coração
Você não deveria ter se permitido mudar tanto
o tempo tornou impossível o que deveria ser nosso presente

06/07/2010

sem lucidez


Nós andávamos por aquelas ruelas, desprovidos de vergonhas e temores, desprovidos de ódio. Andávamos com as mãos coladas, como que sem perceber, e riamos como se nunca tivéssemos visto aquela velha cidade. Já tínhamos, muitas vezes. Mas era como se agora as coisas ganhassem cores. E como não? Éramos só dois curiosos, de mãos juntas intencionalmente, caminhando sobre as velhas pedras daquelas pequenas ruas, que já presenciaram tantas guerras e desafetos, mas ali estavam elas, tão mais bonitas à nossos olhos, graças a nossas breves presenças. Como se pudéssemos colorir tudo, pelo simples fato de que nossos olhos não poderiam ver nada triste. E quer algo mais tão inocentemente egocêntrico do que nós, tão desprovidos de ruindades e malícias? Porque só o que víamos eram cores, e tantas cores, como se estivéssemos no carnaval em pleno outubro. Era como se o mundo inteiro tivesse resolvido nos amar, no mesmo instante. E como nos sentíamos amados, e amáveis. Pois era disso feito o amor, de uma breve ilusão perfeccionista. E é uma grande pena que houve a lucidez para nos acordar daquele sonho, essa lucidez que veio ao longo dos anos. Nós crescemos. E quer coisa pior que isso? Perdemos o que de maior valor existia em nós, e eram aqueles sonhos simples, tão fáceis de sonhar.

05/07/2010

encanto


Será que não gostam mais do trágico? De transformar a dor no outro em algo cômico e a própria insanidade nas piores tristezas? É isso sim, que atrai umas pessoas às outras. Possuírem as mesmas tragédias e peculiaridades. como se o melhor meio de transporte à felicidade fosse a dor, e vice-versa. como se fosse um breve ciclo vicioso encontrar no outro a própria dor, e necessitar do outro para encontrar a própria alegria. E não seria isso, a coisa mais cômica e que ninguém vê pra não perder-se o encanto dos encontros?
Na verdade, não existem “encantos”. Existem formas breves de transformas as coisas simples em alegres, e formas demoradas de revertê-las. Porque as pessoas não querem ver o que tiraria o encanto do outro, e se escondem atrás das farsas. Só mais uma coisa: se quer algo perfeito, não se relacione com humanos.