17/06/2010

Estranhos


Éramos muitos. Numerosos em nós mesmos, éramos estranhos inclusive a nosso próprio ver. Suspirávamos ao ver a infelicidade alheia e nossos suspiros, reclamas e desagrados, eram todos justificáveis pelas visões de pessoas que não sabiam, não aprendiam de forma alguma como se encontrar a felicidade.
Em nossa insanidade, especificamente em nossas palavras e hábitos estranhos, encantávamos. Encantávamos sim, e éramos admirados, não apenas pela forma de como agíamos e víamos a vida, mas também na forma como nos tratávamos, com um carinho específico, que nunca fora visto antes. Éramos estranhos, sim, mas na estranheza que possuíamos escondiasse todos os nossos sorrisos. Sabíamos que ao encontrar a normalidade, encontraríamos a tristeza propriamente dita.
O que poderia ser mais anormal do que as tardes que passávamos conversando sobre a vida alheia, discutindo promessas, dedicando nossos conselhos? O que poderia ser mais anormal do que nossas risadas histéricas, fruto de nossas piadas mais infelizes? O que poderia ser mais anormal do que nós mesmos, por assim sermos, sempre tão felizes mesmo quando os problemas nos alcançavam? E o que, ou quem, poderia ser mais feliz do que nós próprios, que por estranhos sermos, éramos todo o resto, éramos tudo, tudo que queríamos ser, quando juntos estávamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário