22/04/2010

Apontando defeitos


Eu, que sempre gostei muito de falar mau dos outros, que sempre ri das desgraças alheias, e, assumo, não tanto o quanto rio das minhas próprias.
Logo eu, que estou sempre fazendo tudo errado, caindo, ficando de castigo, falando o que não devo e não falando o que já deveria ter admitido a muito tempo.
Logo eu, que passo horas tentando esconder uma espinha, alisar o cabelo ou achar uma forma de confessar algo a minha mãe. Logo eu, que dou gargalhadas insanas justamente nos momentos em que pensamentos ruins me correm pela mente, na intenção de afastá-los e deixando nítido para os que me conhecem que há algo errado. Logo eu, que minto descaradamente o tempo inteiro, fingindo que não é comigo, que não gosto de ninguém, que não me magôo, que sou muito forte.
Porque, na verdade, não sou nada disso. Não sou nada melhor. Não sou nada que possa me orgulhar. Sou covarde, muitas vezes, inclusive comigo própria, me iludindo, me convencendo de que o mundo é melhor do que é. Inclusive enquanto digo isso, um pensamento defensivo logo surge na mente, dizendo “todo mundo é assim”, mas, na verdade, se eu pensasse como todo mundo, certamente não seria tão torta, tão errada, tão desconvincente nas mentiras, porque nem isso consigo fazer direito.
Mas também posso dizer que sou humilde, ao menos digo o que penso e não me escondo atrás de ninguém. Ao menos posso admitir que existem qualidades que me aproximam dos amigos. Mas estas parecem pequenas comparadas com todo o conjunto.

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