11/12/2009

Amor



Sempre que ele a olhava ela se sentia estranha. Ficava vermelha e gaguejava qualquer resposta sem sentido quando ele lhe perguntava alguma coisa. O que estava acontecendo com ela? bem decidida, ela sempre tratou de ignorar presenças que não fossem de seus amigos. Quem sabe o considerasse um, mesmo que só tivessem conversado uma vez, graças a sua mãe que pediu uma receita de bolo da mãe dele.
Ela tentava ignorar sua presença, mas seus olhos azuis penetrantes sempre tratavam de mostrar o quanto lindo ele era. E ela sempre conseguia mostrar o quanto tonta podia ser. Toda vez que passava por ele não conseguia evitar suspiros ou tropeços pela rua, o que parecia inevitável para qualquer garota. Ele não era o garoto mais lindo que ela já vira, mas tinha lá seus atributos. Seu corpo era malhado e seu rosto bem desenhado. Ela achava estranho se sentir tão estranha com sua presença, mas de certa forma ela não a desagradava. Ficar olhando para sua expressão de desprezo as outras meninas fazia com que ela se imaginasse no lugar delas. Ele parecia não dar bola pra nenhuma garota que se aproximasse e sabia o quanto elas o consideravam.
Um calafrio percorreu seu corpo quando ele tocou seu braço para pedir uma borracha. Ela se sentiu uma tonta quando ele percebeu sua reação e deu uma risadinha para os amigos. Por que não esquecer aquele garoto?
Talvez nada do que ela fizesse poderia impedir o que mais parecia uma paixão platônica não admitida. Ela simplesmente procurava se ocupar conversando com outras amigas, com os estudos, novas músicas e aulas de violão. Entre um compromisso e outro se pegava olhando para sua janela, com o pensamento vago, imaginando o que ele estaria fazendo. Imaginando seus olhos, seu jeito desleixado de sentar e sua boca contorcendo-se antes de falar. E tentando compensar seus pensamentos pensando que aquele súbito interesse logo acabaria. Pelo menos esse era seu desejo.

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